segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Os amigos.


“Os amigos. Entrariam por uma casa em chamas para nos salvarem. Mentem por nós à nossa própria mãe. Sabem de nós mais do que somos capazes de lhes dizer. (…) Eles exigem-nos coisas de nada. As nossas lágrimas. O nosso lenço de assoar. A pele dos nossos inimigos. As batatas fritas do nosso bife. A nossa melhor roupa, por uma noite. Exigem-nos tudo o que nos dão. É preciso regá-los regularmente: é nos ombros deles que cai toda a água dos nossos olhos. Eles espevitam-nos o humor quando menos nos apetece. E depois ficam connosco quando as luzes se apagam e toda a gente se foi embora”.

Inês Pedrosa, A Instrução dos Amantes, p. 141, 1997

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