Não sei porque me deu para ser recrutadora da Amnistia Internacional, mas sinto que foi mais pelo emprego do que pela causa.
Nunca tinha feito um trabalho deste género e pensei mesmo que ia ser capaz conseguir mais, mas sinto que ando a falhar a todos os níveis, devia recrutar um mínimo de quatro pessoas por dia, e só consegui recrutar metade.
É mesmo difícil convencer as pessoas a juntarem-se a causas, ainda para mais quando elas envolvem donativos mensais mínimos de 5 euros, num dos concelhos mais ensombrados pelo desemprego.
Fogo! Nem o Excelentíssimo Presidente da Câmara consegui recrutar! Despachou-me com duas ou três desculpas muito forçadas e a verdade é que nem tive poder de argumentação, nem paciência para o convencer.
É difícil, porra!
Eis uma descrição mínima dos nossos dias:
1.º As pessoas não param para nos ouvir;
2.º As pessoas param, mas não nos ouvem;
3.º As pessoas param para nos ouvir, mas confundem-nos com toxicodependentes;
4.º A maioria das pessoas nunca ouviu falar da Amnistia Internacional;
5.º Quando falámos na abolição da pena de morte, acusam-nos de querermos soltar todos os presos;
6.º “Desculpe! Mas tenho pressa! Vou entrar agora para o trabalho/Vou ao dentista/Vou fazer um exame/Vou apanhar a camioneta…”
7.º Muito, muito poucas aceitam preencher o formulário.
E (o pior), todos os dias, no fim do trabalho, dispo a t-shirt garrida e vou buscar a minha auto-estima (ou qualquer coisa do género) lá em baixo, ao chão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário