terça-feira, 23 de setembro de 2008

Desabafo (afinal é para isso que isto serve!)

Não sei porque me deu para ser recrutadora da Amnistia Internacional, mas sinto que foi mais pelo emprego do que pela causa.

Nunca tinha feito um trabalho deste género e pensei mesmo que ia ser capaz conseguir mais, mas sinto que ando a falhar a todos os níveis, devia recrutar um mínimo de quatro pessoas por dia, e só consegui recrutar metade.

É mesmo difícil convencer as pessoas a juntarem-se a causas, ainda para mais quando elas envolvem donativos mensais mínimos de 5 euros, num dos concelhos mais ensombrados pelo desemprego.

Fogo! Nem o Excelentíssimo Presidente da Câmara consegui recrutar! Despachou-me com duas ou três desculpas muito forçadas e a verdade é que nem tive poder de argumentação, nem paciência para o convencer.


É difícil, porra!


Eis uma descrição mínima dos nossos dias:

1.º As pessoas não param para nos ouvir;

2.º As pessoas param, mas não nos ouvem;

3.º As pessoas param para nos ouvir, mas confundem-nos com toxicodependentes;

4.º A maioria das pessoas nunca ouviu falar da Amnistia Internacional;

5.º Quando falámos na abolição da pena de morte, acusam-nos de querermos soltar todos os presos;

6.º “Desculpe! Mas tenho pressa! Vou entrar agora para o trabalho/Vou ao dentista/Vou fazer um exame/Vou apanhar a camioneta…”

7.º Muito, muito poucas aceitam preencher o formulário.


E (o pior), todos os dias, no fim do trabalho, dispo a t-shirt garrida e vou buscar a minha auto-estima (ou qualquer coisa do género) lá em baixo, ao chão.


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